quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Hundertwasser e o "direito de janela"

HundertWasser é sobretudo um pensador. Além de seus trabalhos como artista, ambientalista e arquiteto, por volta dos anos 60 e 70, ele propõe por novos caminhos uma moral prática da beleza, trilhas essas que são guiadas por uma reconstrução do modo de ver a vida e de agir sobre ela como um ser humano consciente e atuante em seu habitat.

Ele propõe um método: 5 peles. Uma para cada esfera de nosso ser.

A primeira pele, a epiderme. Em cima de manifestos e ações ele questiona a estruturação de seu habitat e o modo em que vivemos nele e aponta aqui, o direito a criação, a arte como um gênero de vida, uma nova orientação à matéria. Através da “Metáfora do Bolor” fica a indicação, “cada habitante deve cultivar o seu próprio bolor doméstico”

A segunda pele é o vestuário, a criação e consumo em série são questionados, na medida em que eles omitem o homem de afirmar a sua singularidade em sua vestimenta, HundertWasser aponta uma renúncia ao individualismo, um anonimato do vestuário, onde todos são afetados por 3 males: a uniformidade, a simetria e a tirania da moda. Em contraposição ele cria suas próprias roupas, afirmando-as como seu passaporte social, aproveitando-as em sua riqueza de formas e cores e acima de tudo, afirmando o direito à diversidade.

A terceira pele, a casa, segue a espiral de seu pensamento, e nosso visionário humanista faz um chamado: “O teu direito de janela – o teu dever de árvore. Homens e mulheres criativos, tens o direito de enfeitar a teu gosto, e tão longe quanto teu braço alcance, a tua janela ou fachada exterior”

A quarta pele, a que se refere ao meio social, é a pele que comenta a formação da identidade, interessando muito a HundertWasser a questão da identidade nacional. Selos postais, bandeiras, moedas, placas são mais um dos alvos de seu pensamento, como objetos símbolos ele os recria.

A quinta pele é a ecologia, a preocupação e o cuidado com o meio global. É aqui que a sua consciência eco-naturalista reina, é sobre esta pele que os já comentados projetos arquitetônicos bastante ousados são realizados e uma série de outros projetos e campanhas que ele se envolve em prol de um mundo mais harmônico, com mais respeito a natureza – “És um hóspede da natureza”






http://www.dad.puc-rio.br/dad07/arquivos_downloads/109.pdf

Hermeto Pascoal e o Calendário do Som

 Hermeto Pascoal e o livro das partituras diárias

Em Calendário do Som, o músico reúne as 366 composições que escreveu, no período de um ano, com o intuito de homenagear todos os aniversariantes do mundo


 Composição feita para o dia 24 de julho.



Com um show na companhia da Orquestra Popular de Câmara, o compositor e multiinstrumentista Hermeto Pascoal lança e autografa nesta sexta-feira, dia 1º , na sede do Itaú Cultural, em São Paulo, o livro Calendário do Som. A obra reúne 366 partituras de composições do músico alagoano, escritas durante o período de 23 de junho de 1996 a 22 de junho de 1997, além de uma breve biografia escrita pelo jornalista e pesquisador Sérgio Cabral.


"Eu queria, humildemente, homenagear através da música todos os aniversariantes do mundo", explica Hermeto, que ao completar 60 anos decidiu passar um ano compondo uma música por dia. Além dessas partituras, o livro reproduz também anotações e desenhos do autor, relacionados com cada uma das composições. "Não tive essa intenção, mas o livro acabou virando um diário", reconhece o músico alagoano, dizendo que pretende com essa obra desmistificar o ato da composição. "O que eu quis mostrar é que para compor não tem dificuldade. Comparo isso ao pintor que vai para uma praça e pinta um monte de quadros. Eu poderia ir para uma praça também e ficar fazendo uma música atrás da outra. Não é difícil. Só depende da pessoa."


As anotações de Hermeto permitem até para o leitor que não domina a escrita musical entender um pouco do processo criativo desse gênio da música instrumental. "Comi um camarão com peixe e o estômago não aceitou, mas o som cura a dor, que virou música", ele observa, indicando a relação íntima entre seu cotidiano e a música que escreve. Nomes de outros artistas e músicos admirados por Hermeto também são frequentes em suas notas. "Quando compus esta música pensei bastante no maravilhoso Dominguinhos, sanfoneiro, compositor e cantor; parecia que eu estava viajando com ele naquela estrada de Garanhuns indo para a Lagoa da Canoa", revela o compositor.

Calendário do Som /Hermeto Pascoal -São Paulo:Editora SENAC São Paulo:Instituto Cultural Itaú, 2000